Não espere pelo epitáfio

Há uma frase sempre dita pela maioria de nós, quase um chavão, quando deseja se cobrar de alguém uma postura direta, uma posição forte, bem definida, uma atitude clara: Deus vomitará os mornos! Essa ameaça vale também quando se quer amedrontar aqueles que seguem suas vidas sem nunca se aproximar dos extremos, procurando sempre um caminho seguir “O CAMINHO DO MEIO” evitando-se assim qualquer risco...

Deus vomitará os mortos! Está lá no Apocalipse (último livro da bíblia Cristã), Capítulo 3, versículos 15 e 16: “Conheço tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosse frio ou quente! Mas, porque és morno, estou pra vomitar-te de minha boca”.

Há dezenas de mitos e histórias com finalidades de exaltar a preferência do caminho; o que não deve se esquecer é que esse caminho também pode ser o da mediocridade.

Então, para não ser morno, é preciso ser radical. Cuidado! Você pode confundir radical com sectário!
Radical- É aquele que se firma nas raízes, radical é quem procura solidez nas posturas e decisões tomadas, não aceitando indefinições enganosas ou certezas medíocres.
Sectário- É parcial, intransigente, ou seja, aquele que não é capaz de romper com seus próprios contornos e dirigir o olhar para outras possibilidades.

É preciso ter limites, mas estará o limite exatamente no meio? Não é necessário ir até os extremos, mas é essencial não ficar restrito ao confortável e letárgico centro. Muitas vezes o meio pode ficar inodoro, incolor e insípido.

Alguns desses desejos de romper fronteiras mornas, só aparecem nos epitáfios, sempre em forma nostálgica e lamentadora de um “eu devia ter...”. Para a mitologia Grega, não é por acaso que outros Titãs tem sido tão festejados quando cantam de forma deliciosa e perturbadora: “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer; devia ter arriscado mais e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer...”.

A sabedoria para equilibrar essas inquietações pode ser encontrada na reflexão feita no século 5º. a .C. pelo filósofo chinês Confúcio: “ Eu sei porque motivo o meio-termo não é seguido: ou o homem inteligente ultrapassa-o, ou o imbecil fica aquém”.